Este é o anúncio feito pelos Anjos quando, há 2000 anos, nasceu Jesus Cristo (cf. Lc 2,14) e que ouviremos ressoar jubilosamente na noite santa de Natal, noite da solene. Deus ama todos os homens e mulheres da terra e dá-lhes a esperança de um tempo novo, um tempo de paz. O seu amor, plenamente revelado no Filho encarnado, é o fundamento da paz universal. Acolhido no mais íntimo do coração, esse amor reconcilia cada um com Deus e consigo mesmo, renova as relações entre os homens e gera aquela sede de fraternidade que é capaz de afastar a tentação da violência e da guerra.
A todos declaro que a paz é possível.
Há-de ser implorada como um dom de Deus, mas também, com a sua ajuda, construída dia-a-dia através das obras da justiça e do amor. Certamente são muitos e complexos os problemas que tornam árduos e tantas vezes desalentador o caminho da paz, mas esta constitui uma exigência profundamente enraizada no coração de cada homem. Por isso, não deve esmorecer a vontade de procurá-la. Na base de tal busca, há-de estar a certeza de que a humanidade, apesar de ferida pelo pecado, pelo ódio e pela violência, é chamada por Deus a formar uma única família. Este desígnio divino deve ser reconhecido e secundado, promovendo a busca de relações harmoniosas entre as pessoas e os povos, numa cultura comum de abertura ao Transcendente, de promoção do homem e de respeito pela natureza.
Com a guerra, quem perde é a humanidade.
No nosso tempo, têm vindo a diminuir as guerras entre os Estados.
Este fato se deve do encontro entre fé e razão, entre sentido religioso e sentido moral, daí provém um contributo decisivo para o diálogo e a colaboração entre os povos, entre as culturas e as religiões.
Jesus, Dom de Paz!
« Paz na terra aos homens, que Deus ama! » Ao ouvirem novamente o anúncio feito pelos Anjos no céu de Belém (cf. Lc 2, 14), os cristãos lembram a encarnação com a certeza de que Jesus « é a nossa paz » (Ef 2, 14), é O dom de paz para todos os homens. As primeiras palavras que Ele dirigiu aos discípulos depois da ressurreição foram: « A paz esteja convosco » (Jo 24, 19.21.26). Veio para unir o que estava dividido, para destruir o pecado e o ódio, despertando na humanidade a vocação à unidade e à fraternidade. Ele é, pois, « o princípio e o modelo da humanidade renovada e imbuída de amor fraterno, sinceridade e espírito de paz à qual todos aspiram ».
A paz é um edifício sempre em construção.
Neste contexto, a Igreja, movida pela ardente lembrança do seu Senhor, deseja confirmar a própria vocação e missão de ser, em Cristo, « sacramento », ou seja, sinal e instrumento de paz no mundo e para o mundo. Para ela, cumprir a sua missão evangelizadora é trabalhar pela paz. « “Assim a Igreja, a único rebanho de Deus, como um sinal levantado entre as nações, oferecendo o Evangelho da paz a todo o gênero humano, peregrina em esperança rumo à meta da pátria celeste». Assim, para os fiéis católicos, a obrigação de construir a paz e a justiça não é secundária, mas essencial, e há-de ser cumprida com um coração aberto aos irmãos das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, aos crentes de outras religiões e a todos os homens e mulheres de boa vontade, com quem partilham a mesma ânsia de paz e fraternidade.
Ed: Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruara
Prelazia do Xingu
Fonte: Vaticano, 8 de Dezembro do ano 1999.
IOANNES PAULUS PP. II
(1 de Janeiro de 2000, Mensagem para o Dia Mundial da Paz)
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