São Paulo, nos diz que era judeu, nascido na “ilustre” Tarso, na Cilícia, Ásia (At 21, 39), de pai cidadão romano (At 22, 26-28), de uma família na qual a pureza de consciência era hereditária (II Tim, 1, 3), muito apegada às tradições e observâncias dos fariseus (Fil. 3, 5-6). Como pertencia à tribo de Benjamim, foi-lhe dado o nome de Saul (Saulo), muito comum nessa tribo em memória do primeiro rei dos judeus. Ainda muito jovem foi enviado a Jerusalém para receber educação na escola do famoso mestre Gamaliel.
De perseguidor a Apóstolo de Cristo.
A isso comenta São João Crisóstomo: “Que males não havia feito? Havia enchido de sangue Jerusalém, matado os fiéis, afligido a Igreja, perseguido os Apóstolos, apedrejado Estêvão, e não perdoando a homem nem mulher, porque não se contentava com levá-los aos tribunais e acusá-los ante os juízes, senão que os buscava em suas casas, tirando-os delas; e, como uma fera, os arrebatava”. “Saulo, Saulo, por que me persegues?”
Entretanto, no caminho de Damasco o Senhor o esperava. “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Ele caiu diante da fulgurante luz. Um fato no mínimo curioso: é considerar que, toda a vida de Jesus foi marcada, por ameaças e perseguições, sem esquecer da sua paixão cheia de tantas inefáveis insultos, ultrajes e tormentos até a morte e morte de Cruz. Nunca o Senhor se queixou nem abriu a boca para dize: ‘Por que me persegues?’... E agora, com voz forte e estrondosa, diz a Saulo: ‘Por que me persegues?’. Como podia Saulo perseguir a Vós, Senhor, sendo ele um pobre morteal, e vós o Rei da glória, estando ele na Terra e vós no Céu? Mas, porque Saulo perseguia os eleitos de Cristo, Ele tomava por próprias as injúrias que contra seus se faziam. “Senhor, que quereis que eu faça?” Era a coerência falando. Se Aquele que lhe aparecia era o próprio Cristo, Filho de Deus, Saulo deveria, em vez de perseguir seus discípulos, entregar-se inteiramente ao seu serviço. A conversão é obra mais maravilhosa de Graça de Deus. Para Santo Agostinho, “se a ressurreição de um morto e a conversão de um pecador são obras de igual poder, a conversão é obra de maior misericórdia”. Realmente, vemos na conversão de São Paulo uma realidade absolutamente divina, pois é milagre na ordem da graça que uma pessoa impregnada de pecados, e com disposições completamente antagônicas, se converta de uma hora para a outra, sem ter sido preparada antes por ações contrárias a essas práticas e disposições tão maléficas. Levou o nome de Cristo por todas as nações da Terra. Durante sua vida apostólica, Paulo foi açoitado, acorrentado e preso sete vezes; três vezes sofreu o naufrágio, e numa delas só se salvou agarrado a um destroço do navio durante um dia e uma noite. Muitas vezes foi perseguido pelos judeus e teve que furgir para salvar a sua vida, sofreu fome e sede por amor de Cristo. Mas nunca desistiu de anunciar a fé em Jesus Cristo e em sua paixão morte e ressurreição. Ao final da vida São Paulo pôde afirmar: “Combati o bom combate, percorri a carreira inteira, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça que me dará o Senhor, justo Juiz, naquele dia” (II Tim, 4, 7-8).
Naqueles dias, Paulo disse ao povo: «Eu sou judeu e nasci em Tarso da Cilícia.
Fui, porém, educado nesta cidade de Jerusalém e recebi na escola de Gamaliel uma formação estritamente fiel à Lei dos nossos pais. Era tão zeloso no serviço de Deus, como vós todo sois hoje.
Persegui até à morte esta nova religião, algemando e metendo na prisão homens e mulheres, como podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todo o Senado.
Recebi até, da parte deles, cartas para os irmãos de Damasco e para lá me dirigi, com a missão de trazer algemados os que lá estivessem, a fim de serem castigados em Jerusalém.
Sucedeu, porém, que, no caminho, ao aproximar-me de Damasco, por volta do meio-dia, de repente brilhou ao redor de mim uma intensa luz vinda do Céu. Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, porque Me persegues?’. Eu perguntei: ‘Quem és Tu, Senhor?’. E Ele respondeu-me: ‘Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues’.
Os meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz que me falava.
Então perguntei: ‘Que hei de fazer, Senhor?’. E o Senhor disse-me: ‘Levanta-te e vai a Damasco lá te dirão tudo o que deves fazer’.
Como eu deixei de ver, por causa do esplendor daquela luz, cheguei a Damasco guiado pelas mãos dos meus companheiros. Entretanto, veio procurar-me certo Ananias, homem piedoso segundo a Lei e de boa fama entre todos os judeus que ali viviam.
Ele veio ao meu encontro e, ao chegar junto de mim, disse-me: ‘Saulo, meu irmão, recupera a vista’. E, no mesmo instante, pude vê-lo. Ele acrescentou: ‘O Deus dos nossos pais destinou-te para conheceres a sua vontade, para veres o Justo e ouvires a voz da sua boca.
Tu serás sua testemunha diante de todos os homens, acerca do que viste e ouviste.
Agora, porque esperas? Levanta-te, recebe o baptismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome’».
A conversão de São Paulo é celebrada dia 25 de janeiro.
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará-Pará
Prelazia do Xingu
No Coração da Amazônia
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