Os cristãos celebram o mistério pascal da morte - ressurreição e glorificação de Jesus.
Os evangelhos, principalmente os sinóticos, nos ajudam no caminho espiritual rumo a Páscoa. Afinal, qual é a fé da Igreja? Qual a minha fé na paixão, morte e ressurreição do Senhor?
Podemos refletir de diversas maneiras e aplicar tal reflexão em nosso cotidiano. Mas vamos tomar como base da nossa reflexão sobre a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que nos diz o evangelista Marcos, mesmo porque este é o primeiro evangelho escrito e serve como fonte para Lucas e Mateus. (Mc 16, 1-8 Cf também Mt. 28, 1-8, e Lc 24, 1-10).
Jesus, após sua morte na cruz, foi sepultado em um túmulo novo.
Ora, a lei romana dizia que um condenado à morte deveria ser devorado pelos corvos. Por sua vez, a lei judaica mandava que fosse sepultado numa fossa comum.
O fato de Jesus ter sido sepultado num túmulo novo, talhado na rocha, e fechado com uma pedra (cf. Mc 15.42-47), é sinal de glória e honra. O sepultamento de Jesus foi às pressas, porque já era sábado, e as mulheres não puderam fazer as honras fúnebres a Jesus. Por isso, passado o sábado, no primeiro dia da semana, elas foram ao túmulo ao nascer do sol. Encontram o túmulo aberto..., alguém rolara a pedra... A pedra que era muito grande (Mc 16, 4) e já fora removida, não pelas mãos de homens, mas de outra maneira. Este túmulo, portanto, é sinal do triunfo da vida sobre o sheol (reino dos mortos).
A vida triunfa sobre a morte.
O túmulo aberto é símbolo do triunfo da vida sobre a morte. A ausência do corpo de Cristo, portanto, não pode ser sinal nem critério da ressurreição. Não podemos basear a nossa fé em um sepulcro vazio. O simbolismo está no túmulo aberto (vida) e no túmulo fechado (morte). Qual o comportamento das mulheres? O que fazem? Observam de longe e vêem quando rolam a pedra para fechar o túmulo, feito por vários homens. Voltando para o lugar da sepultura se perguntam:
“Quem rolará a pedra da entrada do túmulo para nós?” (Mc 16, 3).
Elas se voltam para o passado e no passado tem um morto. Podemos procurar Jesus voltando-nos para o passado? O itinerário não é aquele de procurá-lo entre os mortos, mas de encontrá-lo entre os vivos, no momento presente.
É o anjo de Deus que tira a preocupação das mulheres: “quem rolará a pedra?” Deus sempre providencia os seus anjos... Dentro do túmulo, as mulheres vêem um anjo à direita (vida), vestido de branco (pertence ao céu). O branco é a cor da vitória. A mensagem do anjo é no presente: “Ressuscitou, não está aqui” (Mc 16, 6). E as mulheres? As mulheres perguntam: Onde podemos encontrar Jesus? “Ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis” (Mc 7).
A Galiléia é o lugar da vida, do encontro com Jesus.
A presença do anjo no túmulo reforça o que as Escrituras falam: “Ressuscitou”! O que fazem as três mulheres? Tornam-se anunciadoras, missionárias do Ressuscitado. Por que três (número perfeito)? Para que acreditassem. Anunciaram aos apóstolos, mas eles não acreditaram. Para acreditar é preciso uma iluminação superior: “Ele se manifestou aos onze, quando estavam à mesa e censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não haviam dado crédito aos que o tinham visto ressuscitado” (Mc 16, 14). Também nós, nesta páscoa do Senhor, somos convidados a procurá-lo entre os vivos e nos tornarmos anunciadores da Ressurreição, da vida.
Nós não somos a Igreja do sepulcro vazio, mas do sepulcro aberto, que irradia a luz da ressurreição iluminando a vida do cristão, a sua fé, a sua esperança e caridade.
Devemos, sim, olhar, qual tipo de pedra está fechando o sepulcro, impedindo que a vida cristã se torne cada vez mais bonita e apaixonante, cada vez mais transparente e coerente, cada vez mais sólida e iluminada. Certo é que ainda hoje precisamos que o anjo nos diga: “Estais procurando Jesus de Nazaré, o Crucificado? Ressuscitou!” (Mc 16). Que a explosão do sepulcro, na noite da ressurreição, quebre em nós todas as pedras que impedem que a vida brote em plenitude e abundância.
( Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância: diz o Senhor! Jo. 10, 10)
Qualquer manifestação de júbilo é insuficiente para traduzir o que se passa em nosso íntimo, diante da vitória do Cristo sobre a morte, doando-nos a vida nova, fruto da sua Ressurreição. Através desse gesto salvífico, tudo pode ser transformado dentro de nós, e a partir de nós, até que cheguemos à estatura do homem adulto, à perfeição humana, divinizada pela presença da graça, que Cristo e o Espírito Santo nos garantem, como dom do Pai. (cf. Ef 4,13). Certamente, ao final de nossa vida biológica, haverá uma separação entre a alma e o corpo. Mas será uma situação transitória, pois nada pode destruir a nossa pessoa, a nossa identidade, preservada na alma imortal, que um dia voltará a se reunir ao próprio corpo, pois Cristo, pela fé, nos garante a ressurreição final.
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu
Os evangelhos, principalmente os sinóticos, nos ajudam no caminho espiritual rumo a Páscoa. Afinal, qual é a fé da Igreja? Qual a minha fé na paixão, morte e ressurreição do Senhor?
Podemos refletir de diversas maneiras e aplicar tal reflexão em nosso cotidiano. Mas vamos tomar como base da nossa reflexão sobre a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que nos diz o evangelista Marcos, mesmo porque este é o primeiro evangelho escrito e serve como fonte para Lucas e Mateus. (Mc 16, 1-8 Cf também Mt. 28, 1-8, e Lc 24, 1-10).
Jesus, após sua morte na cruz, foi sepultado em um túmulo novo.
Ora, a lei romana dizia que um condenado à morte deveria ser devorado pelos corvos. Por sua vez, a lei judaica mandava que fosse sepultado numa fossa comum.
O fato de Jesus ter sido sepultado num túmulo novo, talhado na rocha, e fechado com uma pedra (cf. Mc 15.42-47), é sinal de glória e honra. O sepultamento de Jesus foi às pressas, porque já era sábado, e as mulheres não puderam fazer as honras fúnebres a Jesus. Por isso, passado o sábado, no primeiro dia da semana, elas foram ao túmulo ao nascer do sol. Encontram o túmulo aberto..., alguém rolara a pedra... A pedra que era muito grande (Mc 16, 4) e já fora removida, não pelas mãos de homens, mas de outra maneira. Este túmulo, portanto, é sinal do triunfo da vida sobre o sheol (reino dos mortos).
A vida triunfa sobre a morte.
O túmulo aberto é símbolo do triunfo da vida sobre a morte. A ausência do corpo de Cristo, portanto, não pode ser sinal nem critério da ressurreição. Não podemos basear a nossa fé em um sepulcro vazio. O simbolismo está no túmulo aberto (vida) e no túmulo fechado (morte). Qual o comportamento das mulheres? O que fazem? Observam de longe e vêem quando rolam a pedra para fechar o túmulo, feito por vários homens. Voltando para o lugar da sepultura se perguntam:
“Quem rolará a pedra da entrada do túmulo para nós?” (Mc 16, 3).
Elas se voltam para o passado e no passado tem um morto. Podemos procurar Jesus voltando-nos para o passado? O itinerário não é aquele de procurá-lo entre os mortos, mas de encontrá-lo entre os vivos, no momento presente.
É o anjo de Deus que tira a preocupação das mulheres: “quem rolará a pedra?” Deus sempre providencia os seus anjos... Dentro do túmulo, as mulheres vêem um anjo à direita (vida), vestido de branco (pertence ao céu). O branco é a cor da vitória. A mensagem do anjo é no presente: “Ressuscitou, não está aqui” (Mc 16, 6). E as mulheres? As mulheres perguntam: Onde podemos encontrar Jesus? “Ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis” (Mc 7).
A Galiléia é o lugar da vida, do encontro com Jesus.
A presença do anjo no túmulo reforça o que as Escrituras falam: “Ressuscitou”! O que fazem as três mulheres? Tornam-se anunciadoras, missionárias do Ressuscitado. Por que três (número perfeito)? Para que acreditassem. Anunciaram aos apóstolos, mas eles não acreditaram. Para acreditar é preciso uma iluminação superior: “Ele se manifestou aos onze, quando estavam à mesa e censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não haviam dado crédito aos que o tinham visto ressuscitado” (Mc 16, 14). Também nós, nesta páscoa do Senhor, somos convidados a procurá-lo entre os vivos e nos tornarmos anunciadores da Ressurreição, da vida.
Nós não somos a Igreja do sepulcro vazio, mas do sepulcro aberto, que irradia a luz da ressurreição iluminando a vida do cristão, a sua fé, a sua esperança e caridade.
Devemos, sim, olhar, qual tipo de pedra está fechando o sepulcro, impedindo que a vida cristã se torne cada vez mais bonita e apaixonante, cada vez mais transparente e coerente, cada vez mais sólida e iluminada. Certo é que ainda hoje precisamos que o anjo nos diga: “Estais procurando Jesus de Nazaré, o Crucificado? Ressuscitou!” (Mc 16). Que a explosão do sepulcro, na noite da ressurreição, quebre em nós todas as pedras que impedem que a vida brote em plenitude e abundância.
( Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância: diz o Senhor! Jo. 10, 10)
Qualquer manifestação de júbilo é insuficiente para traduzir o que se passa em nosso íntimo, diante da vitória do Cristo sobre a morte, doando-nos a vida nova, fruto da sua Ressurreição. Através desse gesto salvífico, tudo pode ser transformado dentro de nós, e a partir de nós, até que cheguemos à estatura do homem adulto, à perfeição humana, divinizada pela presença da graça, que Cristo e o Espírito Santo nos garantem, como dom do Pai. (cf. Ef 4,13). Certamente, ao final de nossa vida biológica, haverá uma separação entre a alma e o corpo. Mas será uma situação transitória, pois nada pode destruir a nossa pessoa, a nossa identidade, preservada na alma imortal, que um dia voltará a se reunir ao próprio corpo, pois Cristo, pela fé, nos garante a ressurreição final.
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu