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Uruará, Pará, Brazil
Igreja Católica Apostólica Romana, Una e Santa. Sua vida é missão.

sábado, 30 de abril de 2011

PASCOA

Os cristãos celebram o mistério pascal da morte - ressurreição e glorificação de Jesus.
Os evangelhos, principalmente os sinóticos, nos ajudam no caminho espiritual rumo a Páscoa. Afinal, qual é a fé da Igreja? Qual a minha fé na paixão, morte e ressurreição do Senhor?
Podemos refletir de diversas maneiras e aplicar tal reflexão em nosso cotidiano. Mas vamos tomar como base da nossa reflexão sobre a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que nos diz o evangelista Marcos, mesmo porque este é o primeiro evangelho escrito e serve como fonte para Lucas e Mateus. (Mc 16, 1-8 Cf também Mt. 28, 1-8, e Lc 24, 1-10).
Jesus, após sua morte na cruz, foi sepultado em um túmulo novo.
Ora, a lei romana dizia que um condenado à morte deveria ser devorado pelos corvos. Por sua vez, a lei judaica mandava que fosse sepultado numa fossa comum.
O fato de Jesus ter sido sepultado num túmulo novo, talhado na rocha, e fechado com uma pedra (cf. Mc 15.42-47), é sinal de glória e honra. O sepultamento de Jesus foi às pressas, porque já era sábado, e as mulheres não puderam fazer as honras fúnebres a Jesus. Por isso, passado o sábado, no primeiro dia da semana, elas foram ao túmulo ao nascer do sol. Encontram o túmulo aberto..., alguém rolara a pedra... A pedra que era muito grande (Mc 16, 4) e já fora removida, não pelas mãos de homens, mas de outra maneira. Este túmulo, portanto, é sinal do triunfo da vida sobre o sheol (reino dos mortos).
A vida triunfa sobre a morte.
O túmulo aberto é símbolo do triunfo da vida sobre a morte. A ausência do corpo de Cristo, portanto, não pode ser sinal nem critério da ressurreição. Não podemos basear a nossa fé em um sepulcro vazio. O simbolismo está no túmulo aberto (vida) e no túmulo fechado (morte). Qual o comportamento das mulheres? O que fazem? Observam de longe e vêem quando rolam a pedra para fechar o túmulo, feito por vários homens. Voltando para o lugar da sepultura se perguntam:
“Quem rolará a pedra da entrada do túmulo para nós?” (Mc 16, 3).
Elas se voltam para o passado e no passado tem um morto. Podemos procurar Jesus voltando-nos para o passado? O itinerário não é aquele de procurá-lo entre os mortos, mas de encontrá-lo entre os vivos, no momento presente.
 É o anjo de Deus que tira a preocupação das mulheres: “quem rolará a pedra?” Deus sempre providencia os seus anjos... Dentro do túmulo, as mulheres vêem um anjo à direita (vida), vestido de branco (pertence ao céu). O branco é a cor da vitória. A mensagem do anjo é no presente: “Ressuscitou, não está aqui” (Mc 16, 6). E as mulheres? As mulheres perguntam: Onde podemos encontrar Jesus? “Ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis” (Mc 7).
A Galiléia é o lugar da vida, do encontro com Jesus.
A presença do anjo no túmulo reforça o que as Escrituras falam: “Ressuscitou”! O que fazem as três mulheres? Tornam-se anunciadoras, missionárias do Ressuscitado. Por que três (número perfeito)? Para que acreditassem. Anunciaram aos apóstolos, mas eles não acreditaram. Para acreditar é preciso uma iluminação superior: “Ele se manifestou aos onze, quando estavam à mesa e censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não haviam dado crédito aos que o tinham visto ressuscitado” (Mc 16, 14). Também nós, nesta páscoa do Senhor, somos convidados a procurá-lo entre os vivos e nos tornarmos anunciadores da Ressurreição, da vida.
Nós não somos a Igreja do sepulcro vazio, mas do sepulcro aberto, que irradia a luz da ressurreição iluminando a vida do cristão, a sua fé, a sua esperança e caridade.
Devemos, sim, olhar, qual tipo de pedra está fechando o sepulcro, impedindo que a vida cristã se torne cada vez mais bonita e apaixonante, cada vez mais transparente e coerente, cada vez mais sólida e iluminada. Certo é que ainda hoje precisamos que o anjo nos diga: “Estais procurando Jesus de Nazaré, o Crucificado? Ressuscitou!” (Mc 16). Que a explosão do sepulcro, na noite da ressurreição, quebre em nós todas as pedras que impedem que a vida brote em plenitude e abundância.
( Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância: diz o Senhor! Jo. 10, 10)
Qualquer manifestação de júbilo é insuficiente para traduzir o que se passa em nosso íntimo, diante da vitória do Cristo sobre a morte, doando-nos a vida nova, fruto da sua Ressurreição. Através desse gesto salvífico, tudo pode ser transformado dentro de nós, e a partir de nós, até que cheguemos à estatura do homem adulto, à perfeição humana, divinizada pela presença da graça, que Cristo e o Espírito Santo nos garantem, como dom do Pai. (cf. Ef 4,13). Certamente, ao final de nossa vida biológica, haverá uma separação entre a alma e o corpo. Mas será uma situação transitória, pois nada pode destruir a nossa pessoa, a nossa identidade, preservada na alma imortal, que um dia voltará a se reunir ao próprio corpo, pois Cristo, pela fé, nos garante a ressurreição final.
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu

quarta-feira, 27 de abril de 2011

SÍBOLOS DA PÁSCOA

Cordeiro: O cordeiro era sacrificado no templo, no primeiro dia da páscoa, como memorial da libertação do Egito, na qual o sangue do cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogênitos. Este cordeiro era degolado no templo. Os sacerdotes derramavam seu sangue junto ao altar e a carne era comida na ceia pascal. Aquele cordeiro prefigurava a Cristo, ao qual Paulo chama “nossa páscoa” (1Cor 5, 7).
João Batista, quando está junto ao Rio Jordão em companhia de alguns discípulos e vê Jesus passando, aponta-o em dois dias consecutivos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jô 1, 29 e 36).Isaías o tinha visto também como cordeiro sacrificado por nossos pecados ( Is 53, 7-12). Também o Apocalipse apresenta Cristo como cordeiro sacrificado, agora vivo e glorioso no céu. ( Ap 5,6.12; 13, 8).
Pão e vinho: Na ceia do Senhor, Jesus escolheu o pão e o vinho para dar símbolo memorial do seu amor. Representando o seu corpo e sangue, eles são dados aos seus discípulos para celebrar a vida eterna.
Cruz: A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo. No Conselho de Nicéia, em 325 d.C., Constantino decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo. Símbolo da Páscoa, mas símbolo primordial da fé católica foi na cruz que Jesus matou a morte e deu-nos vida nova.. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja (SC13).
Círio Pascal: É uma grande vela que é acesa no fogo novo, no Sábado Santo, logo no início da celebração da Vigília Pascal. Assim como o fogo destrói as trevas, a luz que é Jesus Cristo afugenta toda a treva do erro, da morte, do pecado. É o símbolo de Jesus ressuscitado, a luz dos povos. Após a bênção do fogo acende-se, nele, o Círio. Faz-se a inscrição dos algarismos do ano em curso; depois cravam-se cinco grãos de incenso que lembram as cinco chagas de Jesus, e as letras “alfa” e “ômega”, primeira e última letra do alfabeto grego, que significam o princípio e o fim de todas as coisas.


Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu

segunda-feira, 25 de abril de 2011

VIA SACRA DA SEXTA FEIRA SANTA EM URUARÁ - 2011

Na sexta-feira, 22 de abril de 2011, uma grande multidão de fiéis se reuniu frente a matriz da paróquia Nossa Senhora de Fátima em Uruará-Pará para acompanhar a Via Sacra.
Centenas de pessoas participaram da procissão que percorreu as ruas da cidade em clima de oração e muito respeito carregando a cruz.
Alguns fiéis caminhavam descalço como forma de pagar as promessas e fazer pedidos, e ao mesmo tempo lembrando o Calvário e a crucificação de Jesus Cristo. 
A elevação de um grande cruzeiro na pequena capela de Santa Rita de Cássia marcou o encerramento da procissão com o Pe. Jeová de Jesus Morais dando a bênção final e convidando os fieis para a adoração da Santa Cruz as 15hs na matriz.
 Relato do evangelho de  São João 18, 1-40; 19, 1-42.
 Naquele tempo, Jesus saiu com os seus discípulos para o outro lado da torrente do Cédron.
 Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos.
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local, porque Jesus se reunira lá muitas vezes com os discípulos.
Tomando consigo uma companhia de soldados e alguns guardas, enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus, Judas chegou ali, com archotes, lanternas e armas.
Sabendo Jesus tudo o que Lhe ia acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes:
«A quem buscais?» Eles responderam-Lhe:  «A Jesus, o Nazareno».  Jesus disse-lhes:  «Sou Eu».  Judas, que O ia entregar, também estava com eles. Quando Jesus lhes disse: «Sou Eu», recuaram e caíram por terra. Jesus perguntou-lhes novamente:  «A quem buscais?»
Eles responderam:  «A Jesus, o Nazareno». Disse-lhes Jesus:  «Já vos disse que sou Eu. Por isso, se é a Mim que buscais, deixai que estes se retirem».
Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito: «Daqueles que Me deste, não perdi nenhum». Então, Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 
Mas Jesus disse a Pedro:  «Mete a tua espada na bainha. Não hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?» Então, a companhia de soldados, o oficial e os guardas dos judeus apoderaram-se de Jesus e manietaram-n’O. Levaram-n’O primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote nesse ano. Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus:

«Convém que morra um só homem pelo povo». Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus com outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote, enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora. Então o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira e levou Pedro para dentro. A porteira disse a Pedro: 
«Tu não és dos discípulos desse homem?»  Ele respondeu:  «Não sou».
 Estavam ali presentes os servos e os guardas, que, por causa do frio, tinham acendido um braseiro e se aqueciam.
Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se. Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus respondeu-lhe:  «Falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. Porque Me interrogas? Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse: eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente deu uma bofetada a Jesus e disse-Lhe:  «É assim que respondes ao sumo sacerdote?» Jesus respondeu-lhe:
«Se falei mal, mostra-Me em quê. Mas, se falei bem, porque Me bates?» Então Anás mandou Jesus manietado ao sumo sacerdote Caifás. 
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se. Disseram-lhe então: 
 «Tu não és também um dos seus discípulos?» Ele negou, dizendo:  «Não sou». Replicou um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: 
«Então eu não te vi com Ele no jardim?» Pedro negou novamente, e logo um galo cantou. Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao Pretório. Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para não se contaminarem e assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes:  «Que acusação trazeis contra este homem?»  30Eles responderam-lhe:  «Se não fosse malfeitor, não t’O entregávamos». Disse-lhes Pilatos:  «Tomai-O vós próprios e julgai-O segundo a vossa lei». 
Os judeus responderam: «Não nos é permitido dar a morte a ninguém». Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito, ao indicar de que morte ia morrer. Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus e perguntou-Lhe:  «Tu és o Rei dos judeus?»
Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?» Disse-Lhe Pilatos: «Porventura sou eu judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a Mim. Que fizeste?» Jesus respondeu:
«O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos:  «Então, Tu és Rei?»  Jesus respondeu-lhe:  «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».  Disse-Lhe Pilatos:  «Que é a verdade?»  Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos judeus: 
 «Não encontro neste homem culpa nenhuma. Mas vós estais habituados a que eu vos solte alguém pela Páscoa. Quereis que vos solte o Rei dos judeus?» Eles gritaram de novo: «Esse não. Antes Barrabás».  Barrabás era um salteador.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus e O açoitassem. Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-Lha na cabeça e envolveram Jesus num manto de púrpura. Depois aproximavam-se d’Ele e diziam: «Salve, Rei dos judeus». 
E davam-Lhe bofetadas. Pilatos saiu novamente para fora e disse: «Eu vo-l’O trago aqui fora, para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma». Jesus saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse-lhes:  «Eis o homem».
Quando viram Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram: «Crucifica-O! Crucifica-O!».  Disse-lhes Pilatos:  «Tomai-O vós mesmos e crucificai-O, que eu não encontro n’Ele culpa alguma». Responderam-lhe os judeus: 
«Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque Se fez Filho de Deus». Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado. Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus: «Donde és Tu?»  Mas Jesus não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos:  «Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te soltar e para Te crucificar?»  Jesus respondeu-lhe: «Nenhum poder terias sobre Mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado».
A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus. Mas os judeus gritavam:  «Se O libertares, não és amigo de César: todo aquele que se faz rei é contra César».
 Ao ouvir estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado «Lagedo», em hebraico «Gabatá». Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse então aos judeus: «Eis o vosso Rei!» Mas eles gritaram: 
«À morte, à morte! Crucifica-O!» N Disse-lhes Pilatos: «Hei-de crucificar o vosso Rei?» Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes: «Não temos outro rei senão César». Entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado.
E eles apoderaram-se de Jesus. Levando a cruz, Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário, que em hebraico se diz Gólgota.


Ali O crucificaram, e com Ele mais dois: um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos escreveu ainda um letreiro e colocou-o no alto da cruz; nele estava escrito: «Jesus, o Nazareno, Rei dos judeus».
Muitos judeus leram esse letreiro, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade. Estava escrito em hebraico, grego e latim. Diziam então a Pilatos os príncipes dos sacerdotes dos judeus: 
 «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’, mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o Rei dos judeus’». Pilatos retorquiu:  «O que escrevi está escrito». Quando crucificaram Jesus, os soldados tomaram as suas vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica.
A túnica não tinha costura: era tecida de alto a baixo como um todo. Disseram uns aos outros:  «Não a rasguemos, mas lancemos sortes, para ver de quem será». Assim se cumpria a Escritura:
«Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica». Foi o que fizeram os soldados. Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto, Jesus disse a sua Mãe: «Mulher, eis o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa. Depois, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse:  «Tenho sede».
Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca. Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:  «Tudo está consumado».  E, inclinando a cabeça, expirou. 

Por ser a Preparação, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado, – era um grande dia aquele sábado – os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso Lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele que trespassaram». Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, embora oculto por medo dos judeus, pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus.
Pilatos permitiu-lho. José veio então tirar o corpo de Jesus. Veio também Nicodemos, aquele que, antes, tinha ido de noite ao encontro de Jesus. Trazia uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés.

 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em ligaduras juntamente com os perfumes, como é costume sepultar entre os judeus.
No local em que Jesus tinha sido crucificado, havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora sepultado. Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro ficava perto, depositaram Jesus.
Pe. Jeová de Jesus Morais
Paroquia de Uruará
Prelazia do Xingu

sexta-feira, 22 de abril de 2011

RELATO DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!

Ao entrarmos com a atenção devida no relato da Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo em qualquer das suas versões, primeiramente havemos de nos perceber da sua força e da sua fraqueza.
Da sua força, porque não é impossível vê o relato da paixão de nosso Senhor apenas de fora, da platéia e assisti-lo com um torcedor no meio da torcida. Antes nos Vemos implicados nele, atravessados por ele e até explicados por ele: está ali exposta a profundidade das nossas fúrias e dos nossos ódios, da nossa astúcia, da nossa brutalidade, da nossa mentira, da atração e do fascínio, quem diria, que sobre nós exerce a morte!Eu disse: da atração e do facinio, que sobre nós exerce a morte.
Em contraponto, está ali também exposto, revelado o rosto, a expressão da verdade, do amor sempre Primeiro e do Perdão sem fim, que acolhe a nossa violência e o nosso pecado, subvertendo-os, levando-os até ao fim do círculo vicioso da revanche, é vitória sobre a miséria que emana da natureza do pecado, cujo efeito é sempre acorrentar e encadear.
Da sua fraqueza, porque o relato da Paixão tem pouca coisa de próprio; pediu muitos elementos emprestados; apresenta-se saturado com as estridentes súplicas e outras notas saídas dos Salmos, com o silêncio do Servo de YHWH, com a narrativa que atravessa os Livros do Pentateuco, Profetas, Sabedoria, Cântico dos Cânticos, Daniel, com tantas notas saídas das páginas da vida e de todas as Escrituras.
É assim na sua força que nos implica e na sua fraqueza que nos explica. O relato da Paixão se apresenta verdadeiramente como um RELATO. Porque o relato, isto é, põe em relação, une, reúne, enlaça, entrelaça duplamente: primeiro, porque faz uma relação dos acontecimentos; segundo, porque põe em relação o narrador e a narrativa.
Vinculados no corpo e na memória, na vida e no serviço do amor, atravessamos o Cedron e entramos no jardim. É de noite, mas queima a LUZ. É verdade que já não estamos todos. Judas perdeu-se na NOITE, (Jo 13,30). Virá depois com tochas e lanternas – mísera ilusão da luz – e com soldados e armas (Jo 18,3).
Vem prender a LUZ, mas cai encandeado (Jo 18,6). Tem de ser a LUZ a ofuscar-se por amor e a entregar-se a ele por amor. Neste ponto preciso, lembrar o relato de Marcos que todos nós fugimos, abandonando-o (Mc 14,50). E fugidos andaremos, e perdidos, na noite e no frio, até sermos outra vez por Ele encontrados e recolhidos. Mas Pedro, perdido, se acolhe a outra luz e se aquece em outro fogo (Jo 18,18). E, interpelado, nega ter andado com Jesus, ter alguma coisa a ver com Jesus, ter parte com Jesus. Nega mesmo conhecer Jesus (Mc 14,67-71).
Até que o galo canta, e começa a nascer o dia para Pedro (Mc 14,72). Mas Jesus prossegue o seu caminho de amor até ao fim. Até à Cruz. É lá que se revela o rosto abatido pelo sofrimento e gosto pela morte que nos habita. «Salva-te a ti mesmo!» (Lc 23,35.37.39), gritamos nós repetidamente zombando, porque o que queremos mesmo, não é que Ele se salve; o que queremos mesmo é assistir ao doentio espetáculo da morte! A tanto chegou a nossa maldade! Um ódio sem motivo, sem fundo, nos habita (Sl 35,19; 69,5; Jo 15,25).
Ele, Jesus é o Justo.  Ele é a Bondade absolutamente gratuita, sempre Primeira e radical, igualmente sem motivo, sem fundo. Ele ama e Ele é amor Primeiro (1 Jo 4,19), quando éramos ainda pecadores Ele já nos amava(Rm 5,8). Por isso, em vez de à nossa violência oferecer mais violência, Ele acolhe-a e acolhe-nos por amor, e por amor a nós se entrega, declarando assim ultrapassados e inúteis os nossos mais requintados ódios e os nossos mais sofisticados instrumentos de guerra (cf. Is 2,2-4; Mq 4,1-3).
Ali, naquele Corpo Crucificado, morto por amor. 
E por amor exposto por escrito diante dos nossos olhos atônitos (Gl 3,1), morre o nosso desejo de morte, o nosso pecado, apagado pelo fogo do amor, que declara o nosso pecado completamente inútil, inutilizado, anulado e ultrapassado (cf. Cl 2,14). Podemos agora olhar a Cruz de outra maneira. Afinal, ninguém nos fez frente, ninguém nos faz frente.  E começar o caminho retrospectivo do olhar e da memória, podemos começar agora a entender que aquelas chagas é o espelho em que podemos ver a nossa violência, a nossa maldade, o nosso pecado. Como toda a paixão, a Paixão de Cristo expressa passividade provocada por numerosas vontades humanas. A Paixão de Cristo revela a ação de outros, mas também a nossa ação.
E podemos ir mais longe e confessar a única verdade disponível: Nós somos culpados!
Ou não veio Ele para que se manifestem os pensamentos escondidos de muitos corações? (Lc 2,35). Mas confessar sem medos, sem receios, porque nenhum tribunal nos julgará, nenhuma retaliação se seguirá, nenhuma ameaça nos persegue. Esta é a descoberta esplêndido! Ninguém nos acusou. Nem Deus nem o Servo Justo, Cristo Jesus. Nenhuma acusação impende sobre nós. Nesse sentido, aquele Corpo aos nossos olhos exposto por escrito nos evangelhos, aquelas chagas abertas, podem ser verdadeiramente a nossa cura (1 Pe 2,24; cf. Is 53,5).
Está ali tudo exposto. Tudo às claras. Nada escondido!
Podemos, portanto, agora que sabemos qual é o mal em nós e que conhecemos o remédio, aceitar o processo da cura. «Assim como Moisés levantou a cobra no deserto (Nm 21,8-9), assim «é necessário» que seja levantado o Filho do Homem» (Jo 3,14. É necessário que seja o Bem a vencer sem combater este combate. Só o Bem é livre. O Bem não começou. O Bem é Primeiro e é para sempre. O mal é que começou e se multiplica, até ser completamente anulado pelo Bem.
A verdadeira morte não é o termino da vida, mas aquilo que, desde o princípio, impede de nascer e impede de viver. E aquilo que impede de nascer para a Liberdade são as iras e os ódios, a violência e o pecado que escravizam o coração do homem e da mulher. O percurso verdadeiro não é o que fazemos da vida para a morte, mas o que fazemos da morte para a vida.
Não vivemos para morrer, mas morremos para viver.
E é o amor que faz passar da morte para a vida (1 Jo 3,14; cf Jo 5,24). É neste funil de luz que se situa o relato de Mateus quando refere que, com a morte de Jesus, «muitos túmulos se abriram e muitos corpos dos mortos santos ressuscitaram» (Mt 27,52).
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu
Pará- Amzônia-Brasil

quinta-feira, 21 de abril de 2011

CERIMÔNIAS DA QUINTA FEIRA SANTA.

Celebramos a Instituição do Sacramento da Eucaristia. Jesus, desejoso de deixar aos homens um sinal da sua presença antes de morrer, instituiu a eucaristia. Na Quinta-feira Santa, destacamos dois grandes acontecimentos: Bênção dos Santos Óleos e a Instituição da Eucaristia com a Cerimônia do Lava-pés

               Bênção dos Santos Óleos!
O óleo tem a finalidade faz brilhar o rosto (Sl 103,15) e é símbolo da alegria (Sl 44,8). Penetrante, sua unção significa a consagração de um ser a Deus, em vista da realeza, do sacerdócio ou de uma missão profética (Ex 29,7). Mesmo edifícios e objetos são consagrados com a unção do óleo (Gn 28,18). 
O ungido por excelência é o Messias, o Cristo, que é o Rei, o Sumo Sacerdote e o Profeta. Símbolo da alegria e da beleza, sinal de consagração, o óleo é também o ungüento que alivia as dores e que fortalece os lutadores, tornando-os mais ágeis e menos vulneráveis.
Óleo do Crisma: Uma mistura de óleo e bálsamo, é um óleo perfumado utilizado nas unções dos seguintes sacramentos: depois da imersão nas águas do batismo, o batizado é ungido na fronte; na Confirmação ou Crisma é o símbolo principal da cerimônia, também na fronte; depois da ordenação sacerdotal, na palma das mãos do néo-sacerdote e na Ordenação Episcopal, sobre a cabeça do novo bispo. Também é usado em outros ritos consacratórios, como na dedicação de uma Igreja, na consagração de um altar, quando o Santo Crisma é espalhado sobre o altar e sobre as cruzes de consagração que são colocadas nas paredes laterais das igrejas dedicadas (consagradas). Em todos estes casos, o Santo Crisma recorda a vinda do Espírito Santo que penetra as pessoas como o óleo impregna a cada um deles que o toca. Ele faz com que pessoas sejam ungidas com a unção real, sacerdotal e profética de Jesus Cristo.
                                                                          Óleo dos Catecúmenos:
Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no neófito, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito.
Óleo dos Enfermos:
É usado no sacramento dos enfermos. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus
Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés. O lava-pés era muito usado no tempo de Jesus e até mesmo antes do seu nascimento. Era um trabalho humilde, feito por escravos, que consistia em lavar os pés dos patrões da casa e de daqueles que chegavam de viagem. Não raro, esse trabalho era considerado humilhante. Jesus, ao realizar este gesto, coloca-se como escravo, o que fez Pedro reagir diante de Jesus não querendo admitir, de modo algum, que o Mestre se rebaixasse como escravo diante dele. Olhando o conceito que as pessoas, do tempo de Jesus, tinham desse gesto do lava-pés, compreendemos o alcance e o significado do gesto de Jesus. Com a Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde de quinta-feira, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na qual Jesus Cristo, na noite em que vai ser entregue, ofereceu seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem, mandando-lhes também oferecer aos seus sucessores. Nesta missa faz-se, portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Durante a missa ocorre a cerimônia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus na Última Ceia. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento ao altar da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda a noite.
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu