Que proveito o trabalhador tira de sua fadiga? Observei a tarefa que Deus entregou aos homens, para com ela se ocuparem: tudo o que ele fez é apropriado para cada tempo. Também colocou o senso da eternidade no coração do homem, mas sem que o homem possa compreender a obra que Deus realiza do começo até o fim. Então compreendi que não existe para o homem nada melhor do que se alegrar e agir bem durante a vida. E compreendi também que é dom de Deus que o homem possa comer e beber, desfrutando do produto de todo o seu trabalho. Compreendi que tudo o que Deus fez dura para sempre. A isso nada se pode acrescentar, e disso nada se pode tirar. Deus fez assim para ser temido. O que existe, já havia existido; o que existirá, também já existiu. Deus busca aquilo que foge.
Observei outra coisa debaixo do sol: Em lugar do direito, encontra-se a injustiça; e, em lugar do justo, encontra-se o injusto. E concluí que o justo e o injusto estão debaixo do julgamento de Deus, porque existe um tempo para cada coisa e um julgamento para cada ação. Quanto aos homens, penso assim: Deus os coloca à prova, para mostrar que eles, em si mesmos, são como animais. De fato, o destino do homem e do animal são idênticos: do modo que morrem estes, morrem também aqueles. Uns e outros têm o mesmo sopro vital, sem que o homem tenha vantagem nenhuma sobre o animal, porque tudo é fugaz. Uns e outros vão para o mesmo lugar: vêm do pó, e voltam para o pó. Quem pode saber se o sopro vital do homem sobe para o alto, e o do animal desce para baixo da terra? Percebo que não há nada melhor para o homem do que alegrar-se com suas obras, porque essa é a porção que lhe cabe. De fato, ninguém lhe fará ver o que acontecerá depois dele.
A todo custo, o homem tenta dominar a vida, que lhe escapa numa série de tempos diferentes. Só Deus tem a visão do conjunto da vida. Só ele conhece de antemão todos os momentos. O homem anseia pela plenitude e deseja realizá-la. Isso, porém, fica limitado aos momentos que para ele são todos incertos. Cabe-lhe então aceitar o momento presente como dom de Deus, e ter discernimento para fazer a coisa certa no momento certo. O v. 15 envolve uma concepção a respeito de Deus, que implica uma concepção de vida. Deus tem a visão total do projeto que ele realiza na história. Esse projeto, porém, realiza-se pouco a pouco, através dos momentos que se sucedem. Se o homem quiser encontrar-se com Deus, deverá procurá-lo no momento que foge, isto é, no momento presente. Assim, o único relacionamento com Deus e a única vida concreta acontecem aqui e agora. O resto é saudade ou pré-ocupação. A vida humana está cercada de limitações: a justiça caminha lado a lado com a injustiça, mas o destino dos justos e injustos está nas mãos de Deus. O homem não é capaz nem sequer de saber se a sua condição e destino são superiores aos dos animais. Cabe-lhe apenas uma coisa concreta: viver o presente, usufruindo com alegria o fruto do seu trabalho. Eclesiastes 3, 9-22
Fote: Bíblia Sagrada, Ed: Pastoral
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Pará-Brasil
Transamazônica
Preelazia do Xingua
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