

Irmãs e irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo, Caríssimos irmãos Bispos do Brasil e participantes da Assembléia Geral da CNBB, O Evangelho de São João não fala em "milagres". Fala em "sinais" (σημεῖον, σημεῖα) e são sete que apresenta. A finalidade principal dos sinais é despertar e corroborar a fé em Jesus, o Filho de Deus.
Como os sinais, também a Fé é "obra de Deus"

Ela não é imposta, mas requer a decisão pessoal de comprometer-se com Jesus, o Cristo. Há diversas reações ao convite, à "obra de Deus". Em Caná da Galiléia Jesus "manifestou sua glória e os seus discípulos creram nele" (Jo 2,11). Mais tarde, quando multiplica os pães e caminha sobre o mar a resposta já não é tão cristalina e direta como em Caná ou na cura do filho do funcionário real que "creu, ele e todos da sua casa" (Jo 4,53).
Jesus sacia milhares de pessoas (Jo 6,1-15).
Na sinagoga de Cafarnaum, explica mais tarde este sinal. Insiste que os discípulos se esforcem "não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna" (v. 27). Não se trata de "espiritualizar" as necessidades elementares da pessoa humana. Como ninguém sobrevive por muito tempo sem comer, assim os discípulos precisam alimentar-se do "Pão da Vida" (v. 48).

E Simão Pedro faz sua profissão solene de fé:

Jesus se refugia para a montanha, porque a multidão, uma vez saciada, quer "proclamá-lo rei" (V. 15). Já é noite. Os discípulos estão no barco e remam penosamente contra a corrente. Aí, Jesus vem ao seu encontro, andando por sobre a água. "Ficaram com medo!" diz o Evangelho. Sim, com medo! O medo, quando invade o coração, gera angústia, abala o nosso ser até os alicerces, faz-nos gritar por socorro.

Exatamente nesta situação-limite os discípulos escutam a voz de Jesus que os tranquiliza: "Sou eu. Não tenhais medo!" (v. 20). Crer na presença de Jesus expulsa o medo. Fé e medo são incompatíveis. A fé dá coragem, o medo paralisa. Deus é "Imma nu 'El" - "Deus conosco" (Mt 21,23; Is 7,14). Crer é viver na proximidade de Deus, desfrutar da intimidade com Deus, ter uma experiência viva de Deus. Crer é "andar com Deus" (Gn 5,22.24; Gn 6,9).
A Josué, sucessor de Moisés, Deus promete:
"Não tenhas medo, não te apavores, pois o Senhor,
Noite escura, águas revoltas, ventos impetuosos, tempestade de raios, ondas violentas, pânico a bordo, o barco ameaçando naufragar! Em meio a todo esse pandemônio escutamos a voz do Senhor "Sou eu. Não tenhais medo!" Cessa a fúria do vento, o mar bravio se acalma. O Senhor dissipa a escuridão da noite. A aurora desponta. "Sou eu. Não tenhais medo!" É Páscoa: a Vida venceu a morte! A graça é mais forte do que o pecado. O Amor e a Paz triunfam sobre o ódio e aguerra, exter minam a violência e as injustiças. Mas, será que é mesmo Páscoa? Rompeu realmente a aurora do dia da Vitória, da Libertação da casa da escravidão? Será que a Páscoa que celebramos não é apenas uma utopia que acalentamos, um sonho que sonhamos?

Não continuam pregados na cruz os


Que Páscoa celebramos quando vemos o nosso planeta cada vez mais ameaçado de destruição por esta geração perversa que

Irmãs e irmãos! A Páscoa ainda não é a festa de nossa chegada ao Reino Definitivo na glória. A Páscoa é a celebração da "passagem". Passagem não é ponto de chegada, é Caminho. E caminhando recordamos que Jesus anda na nossa frente. Ele é o Caminho. Por isso nunca perdemos a esperança de um mundo diferente, justo e fraterno, do Bem Viver.
Ao ressuscitar Jesus, Deus deu o seu Sim irrevogável à Vida.

"Trabalhar nas obras de Deus" não pode ser um empenho superficial. Pressupõe antes uma profunda e entranhada mística, alicerçada no amor radical de Jesus "até o fim" (Jo 13,1).

O Evangelho de São João apresenta sete sinais:

No conceito "ecologia" o "eco" vem do grego οἶκος cuja tradução é "lar". "Amou-os até o fim (extremo)" (Jo 13,1), no original grego "εἰς τέλος ἠγάπησεν αὐτούς", está na raiz da derradeira palavra de Jesus: "está consumado" (Jo 19,30): "τετέλεσται" traduzido literalmente: "está levado até o fim (extremo)".
Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Romanos, 4,1-2
Aparecida, 9 de maio de 2011
Erwin Kräutler, Bispo do Xingu
Ed:
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu
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