Fazendo a caminhada do discípulado e do seguimento de Jesus Cristo conforme o Evangelho de São Marcos, encontramo-nos na parte que se refere ao caminho do discipulado e do seguimento (Marcos 8,22-10,52). É o caminho em que Jesus vai abrindo os olhos e instruindo os seus discípulos sobre quais os critérios e as exigências do seguimento ao projeto do Reino. Por isso, começa narrando a cura da cegueira como um processo (Marcos 8,22-26) que somente será completo, depois de todas as orientações do Mestre, quando Bartimeu, curado da cegueira, decide seguir Jesus pelo caminho (Marcos 10,46-52). Nesse caminho, estão os três anúncios da paixão (Marcos 8,31-32; 9,30-31; 10,32-34). Cada anúncio vem seguido pela incompreensão ou cegueira dos discípulos e por instruções de Jesus sobre o seguimento.
O relato da transfiguração no monte faz parte das instruções após o primeiro anúncio da paixão. Sua função é cooperar na cura da cegueira e na falta de entendimento dos discípulos caminho e do seguimento ao projeto do Reino. Além disso, este relato pretende narrar antecipadamente a vitória de Jesus sobre a morte na cruz, apresentando-o como o messias glorioso. É o que indica sua roupa brilhante (Marcos 9,3). A ressurreição, a vitória sobre a cruz, é a vida em toda a sua plenitude que vence os poderes de morte deste mundo.
O CAMINHO DE JESUS E DO DISCÍPULO!
Por um lado, apresentar Jesus vitorioso sobre a cruz anima as comunidades a resistirem com esperança contra a violência imperial. E a crucificação era o instrumento principal de condenação à morte para quem não se submetesse ao poder implacável do império romano. Por outro lado, esta narrativa quer ajudar a superar a dificuldade em aceitar Jesus como o messias, uma vez que fora crucificado como alguém que ameaçara o poder colonialista na região.
Acima dele, havia a inscrição do motivo:"O rei dos judeus" (Marcos 15,26). Para os judeus, ser pendurado numa árvore, ter o corpo exposto de forma humilhante como advertência às demais pessoas que não se sujeitavam à opressão era um escândalo (Deuteronômio 21,22-23; Josué 8,29; 10,26). Daí a resistência de muitas pessoas de origem judaica em aceitar Jesus como o messias. E para os gentios, também havia uma dificuldade para aderirem a Jesus como o enviado de Deus. Era o fato de ele ter sofrido a pena de morte. Era uma loucura, algo inaceitável e que impedia reconhecerem em Jesus o filho amado do Pai (1 Coríntios 1,23).
Ed: Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Fonte: CEBI - Centro de Estudos Bíblicos
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