Uma metáfora da condição humana.
Era uma vez um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd1YTragQbD30e_miLvf5AeA-6ItzwgGUga952Y_WsugcP0gw5eK-SbqZ6zd0TEbn-eWArKEBWmUy_Gmb7R3iQmYF0ndojsp9KFjD8WLSotQp_-98S6zsrRnhTsXeXtkXN_X8TvL1mtwgA/s200/Provis%25C3%25B3rio+016.jpg)
Ela não é mas uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar ás alturas.
- Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: - já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista.
Olhava distraidamente ao redor.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTzfLVA_SojnNgE-bo0XNQ3CFtizvGQFc_ngPEeC86FsQEq958YuhBB8ulhXswt8QR9H3jJgXBfRMW5vdUyHFX1Ryc3FEbP4ou8b4YeLil4_rJa22ndLii10opbYkUl9bCSsLv7X49Lcb-/s200/z.jpg)
Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia.
E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
- Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma ultima vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUEDNUe2uIpjIqjHCtVvCJfo1YluCBhNAmro2i2yk3DVmtkR3aiEMv04yD9fkpLkeWtSsS8AGkXT1lkWJGp6GJbHTiu2CayxbIPuew-hlAXM5rPYYhhJG7IWZ_d6wTI_iZL0sZE5gcxH2G/s1600/imagesa.jpg)
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre se mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2IvBvCStG_4la50iMf03gbk9AgGh1CXeqqubpxK_srJ96vObC4fURYgIIK5Nva5-73txdedHeEPmRgedLHdtGuyiOWTZi8FkTLjSDf3ZdZ6eBYMqaeRwcIPVIcElNL6BciL3mJ6ye1rUm/s320/x.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP3PtEORwzrt2UmEW0c89w4VCkgN3Z94o_021V7nDgHUjW1CyF1ItZIo8fMmwGIQmraeUrL3ulxEpdz2UxGV60X07BMKRCFLwOV3VWCWL27cbdyK9AHjTThONT17dGPk0fkrg7PI-peSee/s320/comuidades+167.jpg)
E Aggrey terminou conclamando:
- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muito de nós ainda acho que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.
(Autor: Leonardo Boff)
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário