ASCENÇÃO DO SENHOR

Esta solenidade é celebrada quarenta dias depois da ressurreição, conforme o relato de São Lucas em seu Evangelho e nos Atos dos Apóstolos; mas continua conservando o simbolismo da quarentena: Assim como no inicio da sua missão Jesus Passa quarenta dias no deserto e agora como o Povo de Deus esteve quarenta anos em seu Êxodo do deserto até chegar à terra prometida, igualmente Jesus cumpre seu Êxodo pascal em quarenta dias de aparições e ensinamentos até voltar ao Pai. A Ascensão é sobretudo a dimensão de exaltação e glorificação de Jesus como contraponto à humilhação padecida na paixão, morte e sepultamento.
Ao contemplar a ascensão de Jesus à glória do Pai, os discípulos ficaram atônitos, porque ainda não tinham compreendido as Escrituras e paralisados olhavam para o alto. Então aparecem dois homens vestidos de branco, é uma manifestação de Deus, a mesma dos dois homens que Lucas descreve no sepulcro (24,4).
As palavras dos dois homens são fundamentais:
 Os apóstolos continuavam a olhar para o céu, enquanto Jesus se tornava invisível diante deles. Mas, de repente, dois homens vestidos de branco apareceram a eles e disseram: «Homens da Galiléia, por que vocês estão aí parados, olhando para o céu? Esse Jesus que foi tirado de vocês e levado para o céu, virá do mesmo modo com que vocês o viram partir para o céu. (Atos 1,10-11).
No relato deste mistério segundo o Evangelho de São Mateus (28,19-20), o Senhor envia os discípulos a proclamar a Boa Nova a todos os povos, dizendo: «Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo.»
Doravante, Jesus é a única autoridade entre Deus e os homens. Ele dá apenas uma ordem àqueles que o seguem: fazer com que todos os povos se tornem discípulos. Todos são chamados a participar de uma nova comunidade (batismo), que se compromete a viver de acordo com o que Jesus ensinou: praticar a justiça em favor dos pobres e marginalizados.
O Plano de Deus está sendo cumprido, e a salvação, anunciada primeiro a Israel, é proclamada a todos os povos. Nesta obra de conversão universal, por longa e laboriosa que possa ser, o Ressuscitado estará vivo e operante em meio de todos os povos, todos os dias até o final dos tempos.
Agora podemos dizer com o canto do Santo que os céus e a terra estão cheios da glória de Deus (Em Isaías 6,3 só se nomeava a terra). Agora, com a ascensão da humanidade do Filho de Deus, festejada no mistério litúrgico, sobre a qual repousa a glória do Pai, adorada pelos anjos, também nós somos unidos pela graça a este eterno louvor, no céu e na terra. Estamos no penúltimo momento do mistério pascal, antes da dádiva do Espírito Santo ao se completarem os cinqüenta dias, o Pentecostes.
A vida cristã

As oraçõs desta solenidade pedem que permaneçamos fiéis à dupla condição da vida cristã, orientada simultaneamente às realidades temporais e às eternas. Esta é a vida e missão dos fieis em Cristo Jesus na Igreja, comprometida na ação e constante na oração. Porque Cristo, elevado ao Pai, atraiu para si todos os homens; ressuscitando dentre os mortos enviou seu Espírito vivificador sobre seus discípulos e por ele constituiu seu Corpo que é a Igreja, como sacramento universal de salvação; estando sentado à direito do Pai, sem cessar atua no mundo para conduzir os homens e as mulheres à sua Igreja e por Ela uni-los assim mais estreitamente na construção do Reino de Deus e alimentando-os com seu próprio Corpo e Sangue, tornando os partícipes de sua vida gloriosa. Instruídos pela fé sobre o sentido de nossa vida temporal, ao mesmo tempo, com a firme esperança dos bens futuros. (Vaticano II, Lumen gentium 48)


Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu