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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O GRITO DE JESUS NA CRUZ

Desde a hora sexta até a hora nona, houve treva em toda a terra. Por volta da hora nona, Jesus deu um grande grito: "Eli, Eli, lamá sabachthâni?", isto é: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"
 O evangelho de São Mateus 27,45-46, fundamentado no livro do profeta Isaias Capítulo 53:3, afirmar que Jesus Cristo era homem de dores. Tinha os nossos sentimentos, sentia as mesmas dores, as nossas necessidades físicas, e sabia da grande aflição que havia de passar. Angustiou-se muito, mas não temeu, nem recuou, antes buscou conforto naquele que tem poder para todas as coisas.
O sofrimento era intenso, muita crueldade, algo terrível, estando Cristo dependurado, com uma coroa de espinhos cravada na cabeça, havia mais de três horas naquela cruz, sendo humilhado, escarnecido, açoitado.
Levava sobre si todas as nossas dores, e angústias, o pecado do mundo inteiro pesava sobre Ele.
Em dado momento clamou ao Pai dizendo: Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes? Pouco antes de morrer em meio aos tormentos, Jesus começa a balbuciar num derradeiro esforço entre dores inimagináveis o comovente e, ao mesmo tempo, sombrio Salmo 21 (22). Mateus (Mt 27,46) nos transmite o versículo 2 do Salmo 21 (22) na língua hebraica, Marcos (Mc 15,34) em aramáico, idioma usado na Galiléia. Como não foi o impacto desse grito aos que assistiram ao terrível espetáculo? Os evangelistas fizeram questão de transmiti-lo tal e qual como Jesus o bradou, na língua que aprendeu de sua mãe no lar de Nazaré! Sem dúvida, Jesus, no estertor da morte, não recitou o salmo todo. O que se ouvia, foram talvez os primeiros versículos, aliás, os mais comoventes: „Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Ficas longe apesar do meu grito e das palavras de meu lamento? Meu Deus, te chamo de dia e não respondes, grito de noite e não encontro repouso“ (Sl 21(22),2-3).
Jesus passa pela angústia de sentir-se completamente abandonado experimenta a noite escura da tremenda solidão em meio ao redemoinho de um indizível sofrimento que se fecha sobre ele. Tudo vira trevas. Jesus vive essa experiência até ao extremo.
No Evangelho de Marcos 14.32 a 36 a palavra diz: E foram a um lugar chamado Getsêmane, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro. E tomou consigo Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.
E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte, Ficai aqui, e vigiai.
E tendo ido a um pouco mais adiante, prostrou-se em terra e orou para que, se fosse possível, passasse dele àquela hora.
E disse: Abba, Pai, todas as coisas te são possíveis, afasta de mim este cálice, não seja, porem, o que eu quero, mas o que tu queres. Lucas 22.40 a 44: E, quando chegou aquele lugar, disse-lhes: Orai para que não entreis em tentação. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra, e pondo-se de joelhos, orava dizendo: Pai, se queres passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua . E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava.
E posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se grandes gotas de sangue, que corriam até o chão.
Muitos de nossos irmãos e irmãs experimentam essa solidão, a dor do abandono, de não entender mais nada, de duvidar da bondade de Deus, até de usar as palavras de Jó e amaldiçoar o dia em que nasceu: "Por que não morri ao deixar o ventre materno, ou pereci ao sair das entranhas? Por que me recebeu um regaço e seios me deram de mamar?" (Jó 3,11-12). Quantos gritos sobem dos "porões da humanidade": "Onde estás, ó meu Deus?" Quantas perguntas sem resposta! Ouvindo, porém, o grito de Jesus sabemos que ele sofreu conosco. Contudo, o salmo 21(22) não é um salmo de desespero. É antes uma oração de quem, ao afundar no tenebroso abismo da angústia - "houve treva em toda a terra" - se agarra com Deus, clamando: "Pois és tu quem me tirou do ventre de minha mãe, quem me confiou ao seu peito; eu fui lançado a ti ao sair das entranhas, tu és meu Deus desde o ventre materno" (Sl 21(22),10-11).
Há muita coisa em nossa vida que jamais entendemos.
Porém, nas horas de treva ainda existe a opção de mergulhar no silêncio e contemplar a cruz. Por mais escura que seja a noite, o sol volta sempre a brilhar! O "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" não é a última palavra. "Do fundo do abismo, em meio à angústia invoquei o Senhor e ele me atendeu. Já no ventre da morte, pedi tua ajuda e ouviste a minha voz" (Jn 2,3). É na manhã da Páscoa, ao ressuscitar Jesus, que Deus dá seu Sim definitivo e irrevogável à vida.
(Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu)
Pe. Jeová de Jesus Morais
Pároco de Uruará
Prelazia do Xingu

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